JORNAL LUZ VERMELHA #1
É com alegria que anunciamos nesta primeira publicação da nossa nova newsletter que veio em boa hora, junto do primeiro trabalho de publicação editorial, o Jornal Luz Vermelha. Realizado por estudantes integrantes do Cineclube Rogério Sganzerla, no qual que pretendemos tornar vivo — semanalmente, mensalmente, periodicamente como for melhor — tudo que é discutido por entre nossos ciclos com apresentação de textos e traduções, para poder ampliar além também tudo o que acharmos pertinente relacionado à programação ou divulgação com conteúdos sobre cinema afim de despertar a curiosidade e prolongar as experiências. Aqui nesta primeiríssima edição, divulgaremos, nosso primeiro catalogo com uma curadoria de textos traduzidos sobre a Lotte Reiniger, realizadora pioneira das animações que recentemente recebeu um ciclo retrospectiva em nossa programação; também um texto de encerramento ao ciclo Imaginação de Cinema! Apresentando uma crônica sobre cinemas de rua, Tsai Ming-Liang e seu filme integrante do ciclo, Goodbye, Dragon Inn (2003). Além disso tudo vocês também vão poder conferir a mais recente programação do ciclo deste mês: Junho Trans+.
NOVA PROGRAMAÇÃO PARA O MÊS: JUNHO TRANS+
“Em comemoração ao mês do orgulho LGBTQ, o Cineclube Rogério Sganzerla dá início ao seu novo ciclo: Junho Trans+
A proposta é dar visibilidade à diretores trans e não-binários, cujas vozes são frequentemente suprimidas na indústria cinematográfica. Serão exibidos três filmes, que passam por diferentes gêneros e temáticas, visando dar destaque à criatividade e originalidade dos realizadores selecionados.”
VEJA TAMBÉM,
APRESENTAÇÃO À PROGRAMAÇÃO:
“É com alegria que vemos o cineclube Sganzerla – espaço de paixão e reflexão cinematográfica da UFSC - anunciar o ciclo Lotte Reiniger. Pioneira da animação, pensadora e atuante nas vanguardas do seu tempo, é no entanto uma personagem pouco conhecida. A exibição de trabalhos de Lotte traz uma oportunidade de disseminar o trabalho da autora, por meio de seu longa e curtas metragens, bem como de textos de sua autoria e de outros materiais sobre sua obra.”
SILHUETAS DE UMA CINEASTA:
“Este ciclo surgiu na tentativa de localizar a cineasta Lotte Reiniger pela sua contribuição e prática enquanto realizadora de filmes animados pioneiros, que compõem seus elos com a praxis cinematográfica. Por meio da apresentação ao seu trabalho vanguardista e único do período da cineasta nascida na Alemanha e contemporânea dos grandes movimentos artísticos que surgiram em sua época — o expressionismo que marca o cinema do período — possuindo enorme contato com suas obras, por vezes até chegando a trabalhar junto a esses diretores, como quando dirigiu uma pequena sequencia animada na primeira parte de Nibelungos (1924) realizado pelo titã do cinema Fritz Lang.”
UMA HISTÓRIA DA ANIMAÇÃO
“Com a invenção da cinematografia surgiu um tipo inteiramente novo de teatro de marionetas. Isso foi chamado de animação, o que significava dar outra vida a objetos até então estáticos. Como vocês já ouviram os mitos que supostamente deram origem ao teatro de sombras, talvez gostem de ouvir também uma história sobre animação. Isso não é um mito, mas a pura verdade que testemunhei no ano de 1918 na cidade de Bautzen na Alemanha, foi meu primeiro encontro com esse novo meio, quando eu era uma jovem garota.”
"O PRÍNCIPE ACHMED" PERANTE O PÚBLICO DE ELITISTAS DO FÓRUM ABERTO DO CINEMA:
“Vou partilhar uma bela história: « ...No dia do aniversário do Grande Califa, foi organizada uma grande festa, acompanhada pela sua filha, a bela princesa Dinarsade, e pelo seu filho, o príncipe Achmed. Um mágico horrível da remota África, presenteou-os com o seu cavalo voador. Para possuir o cavalo, o Califa oferece ao feiticeiro tudo o que ele quiser. « Quero a tua filha », diz o feiticeiro. Mas o Príncipe Achmed defende a sua irmã. Traiçoeiramente, o Mago sugeriu-lhe que subisse no cavalo e Achmed partiu sem que percebesse, que não sabia, infelizmente, a forma de fazer o cavalo descer.”
CINE, INTERNACIONAL: SOBRE MEMÓRIAS DIFUSAS E TSAI MING-LIANG:
“Quando eu era criança eu tinha medo de ir ao cinema. Não sei ao certo se era devido ao tamanho da tela, muito maior do que minha mente infantil de uma criança do interior era capaz de compreender, o volume do som (que fazia meus ossos tremerem) ou o escuro do ambiente. Provavelmente uma junção de todos esses fatores. Eu cresci em Sant’Ana do Livramento, uma pequena cidade interiorana do Rio Grande do Sul que faz fronteira com o Uruguai. Foi nessa cidade que meu amor por filmes nasceu, graças ao hábito de meus pais em ir à uma das muitas locadoras (lembra delas?) toda semana, sempre às sextas-feiras, para pegar pelo menos dois DVDs para assistirmos juntos. Assim fui introduzido a muitos clássicos do tempo deles, assim como os “lançamentos” daqueles calmos primeiros anos da primeira década do século (e aspas são apropriadas nesse caso, pois acho que levava quase um ano para que tivéssemos acesso a eles depois que saíam do circuito de salas de cinema) – no conforto da minha casa, em uma pequena tela de televisão. Isso não significa que não havia cinema na cidade. Havia um: o Cine Internacional.”