PROGRAMAÇÃO: JUNHO TRANS+
Em comemoração ao mês do orgulho LGBTQIA+, o Cineclube Rogério Sganzerla dá início ao seu novo ciclo: Junho Trans!
A proposta é dar visibilidade à diretores trans e não-binários, cujas vozes são frequentemente suprimidas na indústria cinematográfica. Serão exibidos três filmes, que passam por diferentes gêneros e temáticas, visando dar destaque à criatividade e originalidade dos realizadores selecionados.
Abrimos o ciclo com Bound (Ligadas pelo desejo), filme de estréia das irmãs Lilly e Lana Watchowki lançado em 1996. Neste thriller de máfia com alta carga erótica, Violet (Jeniffer Tilly) e Corky (Gina Gershon) se envolvem em um jogo perigoso com a máfia italiana em busca de um novo começo para suas complicadas vidas. Logo em seu primeiro filme, as Watchowskis (que também assinam o roteiro da obra) já demonstram seu brilhantismo em suas escolhas estéticas, e encontramos as sementes do que viria a se tornar a icônica teologia Matrix.
Damos continuidade com We're all going to the world's fair (2021), recente longa de horror de Jane Schoenbrun que se tornou um filme de culto logo depois de sua estreia. Neste suspense coming-of-age que conta com trilha sonora do músico Alex G, a adolescente Casey (Anna Cobb) participa de um misterioso jogo na internet que pode acabar se desenrolado em uma obsessão. Neste filme que mistura horror analógico com a cultura de creepypastas, Schoenbrun se revela como uma das vozes em maior sintonia com nossa cultura contemporânea.
Finalizamos o ciclo com Lingua Franca (2019), obra dirigida, roteirizada e estrelada pela filipina Isabel Sandoval. Narrando o drama pessoal de Olivia, uma imigrante transsexual vivendo nos EUA durante o auge da caça às bruxas contra imigrantes promovida pelo ex-presidente Donald Trump. Profundamente humano e dotado de uma sensibilidade notável, o filme retrata o cotidiano daqueles que muitos preferem manter invisíveis. Um grito diante da apatia da sociedade.
Esses três filmes são apenas de um pequeno recorte das obras sendo produzidas pelos membros da comunidade, mas esperamos que através desse ciclo seja possível disseminar as mensagens que carregam, revisitando velhos clássicos, reafirmando seu importante papel no meio cinematográfico e apresentando ao público relevantes novas vozes do cinema contemporâneo.
João Pedro Fiorin